Após as eleições, os novos prefeitos enfrentam desafios que vão muito além do processo eleitoral. A conquista do voto é apenas o primeiro passo de uma jornada que demanda habilidades complexas e específicas para a administração pública. A transição do campo eleitoral para a gestão requer, sobretudo, um desenvolvimento robusto das chamadas “capacidades estatais,” que são essenciais para lidar com as diversas demandas e complexidades que envolvem a administração de uma cidade.
As capacidades estatais são, basicamente, as competências que um governo precisa desenvolver para planejar, implementar, monitorar e ajustar políticas públicas eficazes. Na prática, isso significa que os prefeitos e suas equipes precisam ter conhecimento técnico, habilidade para gerir recursos humanos e financeiros, além de capacidade para estabelecer parcerias e trabalhar de forma integrada com outras esferas de governo. Diferentemente das campanhas eleitorais, em que a capacidade de comunicação e a estratégia política são os elementos mais importantes, a administração pública exige também uma abordagem técnica, focada em resultados concretos.
Um dos maiores desafios para os novos gestores é compreender a máquina pública, que muitas vezes tem limitações burocráticas e legais. Sem uma visão clara de como operar nesse contexto, o risco é que os prefeitos se vejam presos em uma rede de processos que difcultam a implementação de suas promessas de campanha. É fundamental para tanto que os novos prefeitos promovam a formação de equipes técnicas capacitadas e façam uso de boas práticas de governança, como o planejamento estratégico e a transparência na prestação de contas.
Além disso, a construção de uma cultura de gestão orientada por dados é essencial. A coleta e análise de dados ajudam os gestores a tomar decisões mais informadas, priorizando intervenções que atendam melhor às necessidades da população. Isso é especialmente importante em áreas como saúde, educação e segurança, onde a efi ciência e a alocação correta dos recursos fazem uma diferença direta na qualidade de vida dos cidadãos.
A transição de uma liderança eleitoral para uma liderança administrativa é complexa, mas, com o foco nas capacidades estatais, é possível superar os desafios e estabelecer uma gestão que promova o bem-estar coletivo.
O Povo, 09/11/2024.